Comportamento hídrico a partir da análise integrada do sistema solo, água e paisagem na Bacia Hidrográfica do Rio Preto, Goiás, Brasil
Descrição: O estudo sobre o comportamento hídrico a partir da análise integrada do sistema solo, paisagem e água será realizado na Bacia Hidrográfica do Rio Preto que, com uma área de 2.332 km², tem a maior parte de sua extensão localizada no município de Quirinópolis (GO), com terras nos municípios de Rio Verde e Cachoeira Alta. A pesquisa visa avaliar integradamente a paisagem nos aspectos que influenciam o comportamento hidrológico da bacia, através de instrumentos de análise descritiva e quantitativa, considerando-se as contribuições reais de seus afluentes. Este trabalho apresentará um estudo integrado das condições da paisagem, tipos de solos e dos recursos hídricos da bacia, pretendendo-se realizar também cenários hipotéticos de mudança de uso da terra e consequente alteração na vazão e na paisagem como um todo. Detalhando, por meio de trabalho de campo e do uso de informações de sensoriamento remoto, serão selecionados locais na bacia para monitoramento de precipitação e vazão, além de coleta e verificação da permeabilidade dos diferentes tipos de solos. As simulações de vazão serão conduzidas, utilizando propostas do Modelo das Grandes Bacias (MGB), desenvolvido no Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde os parâmetros de entrada utilizarão de dados de precipitação, temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do vento, insolação e pressão atmosférica para calcular as vazões dos cursos dágua da área. Pretende-se, com os resultados, determinar o volume de água de entrada e saída da bacia e se esse volume sofreu alterações devido as mudanças ocorridas na paisagem em relação ao tipo de uso e ocupação do solo da área e auxiliar na definição de medidas de monitoramento e gestão das águas e viabilizar a utilização desta metodologia como ferramenta de diagnóstico e análises para outras bacias.
Palavras-chave: Geossistemas; Bacias Hidrográficas; Planejamento Ambiental; Geotecnologias
Coordenação: Prof. Dr. Alécio Perini Martins
Financiamento: Sem financiamento.
Pesquisa de mestrado vinculada: Zoneamento ecológico econômico da bacia hidrográfica do rio Preto/GO
Descrição: O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) é um instrumento de gestão territorial, uma forma de organização do território em zonas indicando atividades que considerem suas potencialidades e fragilidades, visando manter o equilíbrio entre a natureza e o desenvolvimento econômico. O zoneamento é um processo multidisciplinar e a ciência geográfica contribui nos estudos dos aspectos físicos e humanos para a criação, gerenciamento e análise de bancos de dados. A pesquisa analisou de forma integrada a paisagem na Bacia Hidrográfica do Rio Preto (BHRP), inserida em uma região que recebe incentivos ficais para a ocupação do território, o que pode gerar a degradação dos recursos naturais. A base teórica fundamentou-se na legislação ambiental vigente e em autores como Tricart (1977) e Ross (1994) para análise da Fragilidade Ambiental, Florenzano (2005), Rosa (2005) para as ferramentas de geotecnologias, entre outros. Os procedimentos embasaram- se na metodologia proposta por Ross (1994), que utiliza a fragilidade ambiental para avaliação e monitoramento, e em Crepani et. al. (2001) que estabelecem procedimentos e etapas para a construção de um Zoneamento Ecológico Econômico. Os processamentos de imagens, dados vetoriais e geração de mapas temáticos foram realizados com uso do software ArcGIS 10.1®, licenciado para o Laboratório de Geoinformação da Universidade Federal de Goiás-Regional de Jataí. Entre as bases foram imagens de satélite disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e pelo United States Geological Survey (USGS) e bases cartográficas vetoriais em formato shapefile disponibilizadas pelo Instituto Estadual de Geoinformação de Goiás (SIEG). A BHRP está inserida na mesorregião Sul Goiano, drenando parte do território dos municípios de Cachoeira Alta, Quirinópolis e Rio Verde, com extensão territorial de 2.336 km². Entre as principais características que definem a dinâmica da paisagem, destacam-se terrenos recobertos por Latossolos Vermelhos (70,72%), associados às formações Adamantina (59.23%), de origem sedimentar (Grupo Bauru) e Serra Geral (18,4%) de origem ígnea (Grupo São Bento). O relevo é predominantemente plano a suave ondulado, com cotas entre 400m e 800m de altitude, destacando áreas escarpadas nos divisores de águas. Os aspectos socioeconômicos estão relacionados às políticas públicas de desenvolvimento para a ocupação do território goiano, favorecendo uma dinâmica do uso e ocupação das terras. Em uma análise temporal entre 1997 e 2017, observou que a agricultura é a principal atividade de mudança da bacia, sendo que em 1997 correspondia a 3,2% e em 2017 a 26,63% da área, sobretudo após a implantação de usinas de biocombustíveis no município de Quirinópolis. Em contraposição, as áreas de pastagem reduziram de 71% da área em 1997 para 44,43% em 2017. A partir da análise da paisagem, foram delimitadas cinco zonas visando ordenar o uso do território: 1) zona de uso restrito (32%), caracterizada pelas áreas de vegetação remanescente, áreas de preservação permanente e reservas legais, vertentes com dissecação forte/muito forte e os solos hidromórficos; 2) zona de expansão urbano-industrial (0,53%); 3) zona de produção sucroenergética consolidada (19,47%), área onde se localizam uma usina e suas respectivas áreas de plantio de cana; 4) zona de uso agrosilvopastoril I (18%), caracterizada por ser favorável ao plantio de grãos, silvicultura e pastagem; 5) zona de uso agrosilvopastoril II (30%), com as mesmas características da zona anterior, mas com possibilidade de expansão dos plantios de cana-de-açúcar. A partir da delimitação das áreas de uso restrito, propõe-se a criação de um cinturão de unidades de conservação aproveitando as serras, além de estabelecer corredores ecológicos em todo o Rio Preto, o que resultaria em médio prazo no aumento da produção de água garantindo a sustentabilidade do abastecimento de Quirinópolis, a possibilidade de uso em irrigação, entre outros benefícios ambientais e econômicos.
Autora: Lorena Paula Silva (2017-2019)
Financiamento: Bolsa CAPES.